terça-feira, 11 de novembro de 2008

Bulimia Nervosa


A bulimia nervosa está relacionada a uma ingestão descontrolada e compulsiva, em média, pelo menos duas vezes por semana durante os últimos três meses e geralmente seguida por uma purgação para prevenir o ganho de peso. A pessoa que sofre desta doença tem a perda do senso de controle ao se alimentar durante a crise, ou seja, ela tem a sensação, por exemplo, de que não pode parar de comer.
Esse consumo exagerado seria em períodos isolados (por exemplo, 2h), de quantidades de alimentos definitivamente maiores do que muitas pessoas consumiriam durante um período de tempo e em circunstâncias similares.

Os métodos de purgação, freqüentemente encontrados, estão relacionados a um comportamento patológico de controle de peso, destinados a reverter os efeitos da ingestão excessiva de alimentos. Estão incluídos a indução a vômitos, abuso no uso de laxantes, diuréticos e moderadores de apetite. Esta indução de vômitos, por reflexo de ânsia, é estimulada com um dedo ou instrumentos. Há quem use também o xarope de ipeca, uma prática perigosa que pode resultar em cardiomiopatias e morte súbita.

Diferentemente dos indivíduos com anorexia do tipo ingestão excessiva/purgação, os pacientes de bulimia nervosa apresentam, em sua maioria, peso normal, podendo apresentar casos de peso acima ou abaixo do normal também.

Existem dois grupos de classificação para esse caso, os do tipo purgação e os do tipo não purgação. Pacientes com o primeiro tipo caracterizam-se por apresentar os métodos purgativos, ocorrendo, em média, pelo menos duas vezes por semana durante os últimos três meses. Pacientes do segundo tipo apresentam jejum ou excesso de exercícios, não utilizando os métodos purgativos.

Algumas sérias conseqüências do paciente com bulimia nervosa devem ser ressaltadas.
Tem a perda de fluidos e eletrólitos durante a purgação podendo levar à desidratação, desequilíbrio ácido-básico e eletrolítico e arritmias cardíacas.
A diminuição na concentração do potássio sérico (podendo causar hipocalemia) que ocorre em algumas atletas que induzem o vômito após episódios de compulsão alimentar. Vale lembrar que o potássio é o principal cátion responsável pela contração muscular, daí uma grande importância deste e uma enorme irresponsabilidade destas atletas.

A indução a vômitos também pode resultar em problemas físicos crônicos como distúrbios gastrintestinais, aumento da glândula parótida, erosão e perda do esmalte dentário, desidratação, entre outros.
A constipação está entre as manifestações mais freqüentes em relação aos distúrbios gastrintestinais. Decorre do uso de laxantes que, se utilizados em longo prazo, podem levar a danos irreversíveis ao cólon intestinal. Observa-se também um retardo no esvaziamento gástrico, os pacientes queixam-se de sensação de plenitude pós - prandial e distensão abdominal.
O aumento das glândulas parótidas é devido aos alimentos com alto teor de carboidratos, que podem causar intensa estimulação das glândulas, resultando em uma hipertrofia.
Há uma menor gravidade das complicações na parte das alterações endócrinas pela ausência de perda de peso significativa nestes pacientes, não sendo comum o aparecimento, por exemplo, de amenorréias, mas pode haver algumas irregularidades menstruais.

É mais fácil iniciar tratamento em pacientes com bulimia nervosa, pois estes, como ficam mais angustiados com seus sintomas, procuram logo um modo de aliviar esse distúrbio. Porém, é mais difícil detectar os seus sinais e sintomas clínicos porque estes pacientes apresentam, usualmente, peso normal e são reservados quanto ao seu comportamento.

É bom deixar claro que em relação às anormalidades de vitaminas e minerais, embora haver uma diminuição por causa da restrição alimentar, são raras as doenças relacionadas a estas deficiências. Isto porque a nossa necessidade de micronutrientes é realmente pouca, sem contar que no caso da detecção desta doença, o uso de suplementos vitamínicos e a seleção criteriosa de alimentos ricos em micronutrientes é suficientemente protetora. E isto vale também para a anorexia nervosa.

A taxa metabólica destes pacientes pode ser imprevisível. No caso de restrição dietética entre os episódios de alimentação excessiva, o paciente fica em estado de semi-inanição, ou seja, a pessoa encontra-se enfraquecida, por falta de alimentos (mas não totalmente) ou por defeito de assimilação dos mesmos, resultando em uma taxa hipometabólica. Porém, nos casos de ingestão excessiva seguida de purgação, há uma alta na taxa metabólica, devido a uma liberação pré-absortiva de insulina que ativa o sistema nervoso simpático.


By: Jéssica Weber



Fontes: http://www.scielo.br/ - Scientific Electronic Library Online;
Krause: Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. Autor: Mahan, L. Kathleen.

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